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Diário de Um Ano Velho - Peça Teatral


ATO ÚNICO

Ano Velho: (caminha lentamente e vai sentar-se na cadeira vazia que estará no palco.) Estou chegando ao fim da minha jornada (olha para o relógio), falta pouco... Foram doze meses de lutas e trabalhos, mas também de alegrias e vitórias. Ninguém sabe o que se passa com um Ano Velho! (fecha os olhos como se estivesse recordando.) Janeiro, ah! Janeiro... que saudade!

Janeiro: (Entra alegre e sorridente uma menina entre 8 e 12 anos , bem viva e esperta.) Dizem que sou alegre e gentil. Trago muitas esperanças a todos nestes primeiros dias do ano. Não gosto de ver ninguém triste perto de mim. Na igreja, sempre animo os novos obreiros, apresentando planos e avos a seguir. A minha missão é esta: animar e encorajar a todos, e é com imenso prazer que a cumpro.

Fevereiro: (Entra um rapaz mal vestido e acabrunhado.) Ouvi turistas dizendo que o carnaval foi uma beleza. Eu não acho! Só tenho tristezas a contar daquela infame festa; houve de tudo: mortes e depravações. Senti-me profundamente amargurado com aquilo. O que me encoraja é ver grupos de jovens espalhados por todos os lados, fazendo verdadeiros retiros espirituais! Eles se unem pra orar por toda aquela gente mundana e ainda crescem espiritualmente com os estudos que realizam nos colégios... a 2° época! Nem todos estudaram como deviam e, por isso, muitos alunos fracassaram. Na igreja sim! Ainda perdura a grande animação que o meu colega Janeiro deixou: Pastores, presidentes, comissões, todos! Enfim; no grande afã de bem servir ao senhor. Quando vejo isto, me reanimo.

Março: (Entra um menino entre 8 e 12 anos, vestido à colegial.) Tudo é alegria comigo! Em março a criançada chega em bando ao colégio, à procura do saber. Não é uma felicidade aprender a ler e a escrever, e no futuro ser alguém na vida? Não há palavras que possam explicar a sensação que as crianças sentem quando transpõem os umbrais de uma escola pela primeira vez. Eu sei o que sentem... é uma felicidade enorme que se abre toda em sorrisos e grande vozerio. Parecem pássaros cantando e saltitando de alegria. Por tudo isso, sou um grande amigo dos estudantes.

Abril: (Deve ser representado por uma moça que traz na mão uma revista da Escola Bíblica Dominical.) Como os demais companheiros, também procuro dar minha colaboração ao ano, contribuindo com trinta dias. Não sei se eles são bons ou maus, porque isso depende de cada um que os vive. Como diz o ditado: “Saber viver é uma arte”, e realmente, arte muito difícil. Tenho notado nas igrejas, por exemplo, que quando chego, a animação na Escola Bíblica Dominical aumenta, por ser chamado “Mês da Escola Bíblica Dominical”. O que acontece é que eu faço tudo para animar o pessoal, incentivando o espírito de oração e serviço. Graças a Deus pelos bons resultados alcançados!

Maio: (De preferência uma senhora.) Sei que todos gostam de mim, por uno e solidifico os lares e, pra mim, não existe la5res desfeitos, porque todos, ainda que afastados, hão de sempre lembrar que já tiveram um lar. Filhos se unem, em todo o mundo, para manifestações de carinho à sua mãe. São presentes e cartinhas que se sucedem, ano após ano. Uma verdade eu digo: as mães cristãs recebem mais alegrias do que aquelas que não souberam encaminhar seus lares debaixo do temor de Deus.

Junho: (Pode ser representado por um senhor encapotado.) Assim passam-se os dias e eu sempre chego, e comigo, o frio. Muitos reclamam e esbravejam, mas, que posso fazer? São as estações do ano! O tempo é uma dádiva de Deus e eu, como mês do firo, sinto-me feliz em fazer-lhe a vontade, pois Ele é o Criador de todas as coisas. Trago comigo as datas que o povo costuma festejar os apóstolos Pedro, João e Paulo. No entanto, isso não me faz feliz. Gostaria, sim, que aqueles que procuram se lembrar dos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, com danças e fogueiras, procurassem antes conhecer e praticar os seus ensinos de como cevemos servir a Deus.

Julho: (Entra um rapaz falando pausadamente) Aqui estou eu, bem feliz e contente, simbolizando para os estudantes, uma pausa para descanso. Nas igrejas, também trago minha parcela de contribuição com os institutos, oferecendo curso de estudos a todos que queiram aprender mais e mais da sã doutrina.

Agosto: (Entra um rapaz bem vestido e alegre.) Dizem que sou o mês do desgosto, só porque o meu nome assim parece, mas não é verdade. Muitos vieram ao mundo quando eu cheguei, trazendo muita ventura e felicidade aos lares que os receberam. Também outros tiveram a dita de concretizarem os seus sonhos e até mesmo resolveram grandes problemas. Se alguns tiveram desgosto, não foi por minha culpa, poderiam tê-lo tido em qualquer outro mês do ano. Uma das coisas de que muito me orgulho é de ser chamado o “Mês da mocidade”. Gosto de ver os jovens trabalhando e evangelizando nestes dias.

Setembro: (Deve ser representado por uma jovem bem expansiva.) Eu sou Setembro, o mês da primavera, das flores perfumadas! Em mim, toda a natureza, despertada para a vida se alegra, enchendo os corações de prazer e alegria. Para os brasileiros, sou o mês da Pátria, pois foi num dos meus dias que o Brasil se tornou independente. Para os crentes batistas sou o mês das Missões Nacionais, quando os corações que realmente amam a Deus e seus semelhantes se abrem para das generosas ofertas para sustento dos obreiros. É esta minha humilde contribuição a cada ano que tenho a ventura de servir.

Outubro: (Pode ser representado por moça ou rapaz.) Não me preocupo muito com as lamúrias que ouço. Gosto de dizer que a vida é aquilo que cada um deseja e constrói: “Quem semeia ventos, colhe tempestade.” Os jornais estão cheios de crimes, suicídios, roubos e toda a sorte de desvarios, e a todo instante estamos sabendo de frustações sucessivas no mundo inteiro. Não sou melhor que nenhum companheiro meu, nem sou pior, mas igual a todos eles.

Novembro: (Deve ser representado por um rapaz bem sério.) trago comigo, todos os anos, para oferecer aos homens, a lembrança de que são pó e em pó hão de tornar. Trago o dia de finados, dia daqueles que aguardam o soar da trombeta para comparecerem ao grande julgamento. Creio que se meu trabalho fosse só este, e nada mais fizesse, estaria contribuindo para a felicidade dos homens, pois a verdade é que há pessoas que vivem como se nunca tivessem que morrer.

Dezembro: (Pode ser representado por uma moça bem alegre e jovial.) Eu sou o último dos meses e nem por isso me sinto infeliz; ao contrário, sinto-me feliz em ser o fecho dessa grande cadeia sucessiva de meses do ano. Gosto de ver a mudança que se opera radicalmente no mundo quando chego, pois sou o mês da Fraternidade Universal: troca de presentes e cartões amorosos. Foi o próprio Deus quem nos deu o exemplo, quando ofereceu ao mundo o maior presente já visto: Jesus o Salvador. As igrejas ficam engalanadas; os lares vibram de emoção na reunião dos entes queridos em torno da Ceia de Natal; isto para os que sabem celebrá-lo com dignidade. Não há maior decepção para mim, do que ver como alguns celebram o Natal: bebedices e glutonarias. E, assim, vamos chegando ao fim do ano... já sinto o despontar do Ano Novo. (Vai até ao relógio e coloca em 11h55m.)

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